Alta taxa de juros e falta de chips faz com que montadoras interrompam produção
Para presidente da CNM/CUT, trabalhadores precisam ir às ruas exigir a queda dos juros ou a saída do presidente do Banco Central para que economia não sofra mais
Publicado: 21 Março, 2023 - 13h08 | Última modificação: 21 Março, 2023 - 13h15
Escrito por: Redação CNM/CUT

Nos últimos dias, diversas montadoras de automóveis instaladas no país anunciaram interrupção na produção em suas fábricas. Volkswagen, GM, Mercedes-Benz, Hyundai e Stellantis paralisaram suas linhas de produção e colocaram os/as trabalhadores/as em férias coletivas.
Segundo o presidente da CNM/CUT, Paulo Cayres, o Paulão, esse movimento acontece por dois fatores. O primeiro é a falta de semicondutores, os chamados chips eletrônicos, essenciais na produção de carros e que estão escassos em todo o mundo há alguns anos. Outro fator, esse mais grave, são os altos juros básicos cobrados no Brasil, que reduziram o consumo por causa da dificuldade da concessão de crédito.
“Como bem disse o prêmio Nobel de economia Joseph Stiglitz, a taxa básica de juros é uma pena de morte ao Brasil”, afirma Paulão. “Por isso é importante que os trabalhadores estejam presentes na luta que as centrais sindicais estão contra essa taxa de juros e pedindo a saída do presidente do Banco Central se ele não começar a reduzir essas taxas”, pontua o dirigente.
Nesta terça-feira (21) a CUT e demais centrais sindicais, além de movimentos populares, realizam mobilizações em vários cantos do país para exigir a queda da taxa básica de juros (Selic) praticada pelo Banco Central (BC), que atualmente está em 13,75% ao ano.
Os atos também reivindicam a democratização do Conselho de Administração de Recursos Fiscais (CARF), órgão que julga processos administrativos de grandes devedores e, em geral, beneficia as empresas sonegadoras porque a maioria dos conselheiros é empresário.
Paulão avalia também que os preços dos carros cobrados pelas montadoras estão muito altos, o que também dificulta a venda deles, fazendo com que os estoques fiquem altos. O dirigente teme que a parada nas grandes montadoras possa gerar um efeito cascata nas médias e pequenas empresas que fazem parte da cadeia de produção da indústria automotiva.
“A CNM/CUT está atenta ao cenário econômico e agindo também, participando da construção de um programa de reindustrialização do país, mantendo diálogo com empresários, governo, academia, e mobilizando sua base para exigir mudanças na política econômica”, completa o dirigente.