Ampliar a participação das mulheres na categoria metalúrgica ainda é um desafio
FEM-CUT/SP e Coletivo de Mulheres lutam para mudar essa realidade nas empresas da base e garantir igualdade de salários e direitos
Publicado: 14 Março, 2024 - 15h05 | Última modificação: 14 Março, 2024 - 15h12
Escrito por: FEM/CUT-SP
Um dos grandes desafios da Federação Estadual dos Metalúrgicos (FEM-CUT/SP), junto ao Coletivo de Mulheres da entidade, é ampliar a participação das mulheres nas empresas da base no Estado de São Paulo.
As mulheres representam 51,5% da população no Brasil, segundo dados do Censo 2022. Ainda assim, elas estão em desvantagem no mercado de trabalho, seja em oportunidade de emprego seja nos rendimentos. A categoria metalúrgica é um reflexo do cenário brasileiro para as trabalhadoras.
De acordo com o Dieese, na base da Federação Estadual dos Metalúrgicos (FEM-CUT/SP) a participação das mulheres em empresas do setor cresceu nos últimos 10 anos e hoje representa 16,9% do total de trabalhadores da categoria. Os dados são do Ministério da Economia – RAIS 2021.
Ao todo, são 34,4 mil trabalhadoras metalúrgicas nas regiões representadas pela FEM-CUT/SP. A participação feminina no setor tem o melhor resultado em Itu, onde são 26,2% do total de trabalhadores. Na sequência fica a região de Sorocaba, com 19,3% de representação de mulheres nas fábricas.
Em 2011, as trabalhadoras eram 15,8% do total de metalúrgicos na base da Federação. A melhor participação feminina aconteceu em 2017, quando atingiu 17,5%.
No entanto, os números apontam que a representação das mulheres na base da FEM-CUT/SP está abaixo da média nacional. Em todo Brasil, as trabalhadoras são 19% do total de funcionários das fábricas do setor.
Remuneração e cargos
A maior parte dos cargos ocupados por mulheres da base da FEM-CUT/SP estão concentrados na área de produção (42,3%), na qual elas têm a menor taxa de participação, de apenas 11,3%.
O setor administrativo tem a maior participação (36,8%). As mulheres em cargos de diretoria e gerência são 21,6% e técnicas de nível médio são 17,3%.
As trabalhadoras também ganham menos do que os homens. Enquanto eles têm remuneração média de R$ 4.971, as mulheres recebem, em média, R$ 3.725, uma diferença de 25,1% a menos. Os dados são de 2021.
Luta diária
A secretária de Mulher Trabalhadora da FEM-CUT/SP, Ceres Lucena, diz que é preciso criar a lógica do sistema, que ainda oprime as mulheres.
“Nos temos um sistema patriarcal e machista, que ainda acha que a mulher pode menos. Isso reflete em todo o mercado de trabalho e na nossa categoria. Nós, mulheres, ainda temos que nos provar mais capazes do que homens todos os dias, em todos os espaços. Por isso, o Coletivo de Mulheres da FEM trabalha todos os dias para mudar essa realidade”.
Para Ceres, há muito por fazer na luta pelas metalúrgicas em São Paulo e no Brasil. “Temos um trabalho constante para buscar a valorização e a proteção da mulher no ambiente de trabalho, com melhores remunerações e direitos específicos. E é nesse caminho que seguimos, para que todos tenham os mesmos direitos”, afirma ela.
A sindicalistas destaca que, apesar das dificuldades, muitos avanços foram conquistados no decorrer dos anos. “A luta constante da FEM-CUT/SP, principalmente das companheiras, garantiram que tenhamos, em algumas Convenções Coletivas de Trabalho, licença maternidade estendida e licença para mulher vítima de violência doméstica, por exemplo. E não vamos parar por aí porque, quando uma mulher avança, toda sociedade avança junto”.
Erick Silva, presidente da FEM-CUT/SP, destaca que toda entidade é aliada das mulheres nessa luta. “A batalha pela igualdade no mercado de trabalho e na sociedade entre homens e mulheres é de todos nós. Não podemos fechar os olhos e achar que está tudo bem. Somente quando tivermos equiparação de cargos, salários e direitos, estaremos a caminho de uma sociedade verdadeiramente justa”, finaliza ele.