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Cai participação da indústria de transformação nas exportações brasileiras

Para Ganz Lúcio, mudança de cenário precisa, primeiramente, de alterações na macroeconomia que favoreçam indústria nacional e o movimento sindical pode ajudar

Publicado: 13 Janeiro, 2023 - 14h01 | Última modificação: 13 Janeiro, 2023 - 14h16

Escrito por: Redação CNM/CUT

Pixabay
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A participação da indústria de transformação na corrente de comércio (soma das exportações e importações do Brasil) caiu em 2022 na comparação com anos anteriores. Em 2022, entre janeiro e novembro, a participação da indústria de transformação foi de 54% das exportações. Em 2019, a participação era de 57%; e três anos antes, em 2016, a participação era de 66%. 

Os números foram divulgados no final de dezembro pelo governo Bolsonaro. No geral, a corrente de comércio brasileira, de janeiro a novembro de 2022, cresceu 22,4% em comparação ao mesmo período de 2021. Os dados positivos no geral se dão por conta do avanço das exportações do agronegócio, impulsionadas pelo aumento de preço das commodities no mercado internacional.

O baixo desempenho da indústria de transformação gerou críticas da equipe de transição do governo Lula, na época da divulgação dos dados. Em relatório, a equipe avaliou que houve um desmonte na política nacional de exportações e que isso impactou fortemente na redução da participação da indústria da transformação no total das exportações brasileiras.

Na avaliação do sociólogo e ex-diretor técnico do Dieese, Clemente Ganz Lúcio, uma série de fatores explicam o processo de enfraquecimento da indústria, em geral, no Brasil nos últimos anos. “É um problema que já dura cerca de três décadas na economia brasileira, com a descontinuidade de políticas de desenvolvimento industrial, inovação tecnológica e de incremento de produtividade e agregação de valor”, enumera. Além das dificuldades no cenário interno, Ganz Lúcio também avalia que mudanças no cenário externo fizeram o Brasil perder competitividade com outros mercados.

Como reverter?

Para o sociólogo, esse cenário só começará a se reverter se forem feitas mudanças na macroeconomia brasileira, principalmente na adoção de um câmbio mais favorável a competitividade da indústria brasileira, junto com a organização de uma política de desenvolvimento produtivo industrial que dê destaque ao que o Brasil possui de capacidade para se colocar na fronteira na produção industrial.

“O movimento sindical pode participar desse processo debatendo e propondo políticas de desenvolvimento, e sempre que o movimento sindical conquista aumento salarial ele aumenta a capacidade da economia de ter mais demanda de consumo, o que anima a produção econômica e anima a estruturação da indústria”, aponta o sociólogo.