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Política industrial: governo Lula abre oportunidades, mas desafios ainda são grandes

Última conferência temática do 11º Congresso debateu a formatação de uma política para o setor industrial brasileiro com participação da classe trabalhadora

Publicado: 09 Maio, 2023 - 22h07 | Última modificação: 09 Maio, 2023 - 22h12

Escrito por: Redação CNM/CUT

CNM/CUT
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Na tarde desta terça-feira (9), foi realizada a última conferência temática do 11º Congresso da 11º Congresso da CNM/CUT “Reconstruir o Brasil de forma sustentável e humanizada com trabalho decente, soberania, renda e direitos”. O tema da atividade presencial, realizada no Hotel Monaco, em Guarulhos, foi Política Industrial.

O secretário-geral da CNM/CUT, Loricardo de Oliveira, e a secretária de mulheres da CNM/CUT, Marli Melo do Nascimento, conduziram os trabalhos da mesa.

Ao final do encontro, Loricardo comemorou o sucesso das conferências, afirmando que isso é uma mostra da capacidade de organização da entidade e ressaltou também a solidariedade internacional, evidenciada na presença de sindicalistas de vários países durante as conferências temáticas.

O dirigente disse também que a CNM/CUT quer iniciar um movimento junto à CUT, outras centrais e movimentos sindicais pelo impeachment do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que mantém uma política de juros prejudicial à economia do país e que reflete negativamente na vida da classe trabalhadora.

 

Mesa de debates

Foram convidados para os debates sobre Política Industrial o presidente do Instituto Trabalho, Indústria e Desenvolvimento (TID Brasil), Rafael Marques;  o secretário-geral adjunto da IndustriALL Global Union, Kemal Ozkan; e o diretor do Departamento de Desenvolvimento da Indústria de Alta Complexidade Tecnológica do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Luís Felipe Giesteira.

Rafael Marques fez um contexto histórico desde a crise econômica mundial em 2008, passando pelo governo golpista de Michel Temer e a eleição da extrema direita com Bolsonaro para pontuar o quanto a indústria brasileira sofreu no período. 

Ele destacou a importância do Macrossetor Indústria da CUT para debater alternativas à indústria nacional e falou sobre os principais pontos do Indústria 10+, plano articulado pelo movimento sindical, academia e outros atores para reaquecer a indústria brasileira e que procura estar em sintonia com as demandas tecnológicas e de inovação da indústria global e também com as necessidades sociais brasileiras. Rafael concluiu sua fala dizendo ter esperança que com o novo governo Lula o desafio da reindustrialização seja vencido.

Kemal Ozkan fez um panorama do desenvolvimento da indústria no mundo e ressaltou qual a participação dos trabalhadores dentro do cenário. Ele abordou a crise do modelo econômico neoliberal e disse que é o momento de procurar um novo modelo, no qual os trabalhadores precisam ser incluídos. Citando os Estados Unidos, Kamal afirma que não se pode aceitar o que foi feito pelo governo do país, que despejou dinheiro para recompor o setor bancário após sucessivas crises, mas não investiu na economia real, que produz e gera empregos. 

Segundo o dirigente da IndustriALL Global Union, essa atitude estadunidense privatiza os ganhos para poucos e socializa as perdas para a maioria da população. Ele terminou sua intervenção falando da transição justa para um novo modelo econômico, que respeite os trabalhadores, e que uma política industrial precisa levar em conta também o contexto político, ressaltando a defesa da democracia para esses processos.

Luís Felipe Giesteira fez uma análise de conjuntura sob o olhar da implantação de uma política industrial. Ele analisou o momento político e social do Brasil em comparação a época dos governos petistas anteriores, de Lula e Dilma, onde ele também fez parte da administração. O diretor do MDIC avalia que os desafios de momento são diferentes do passado e que existem mais dificuldades políticas para avançar numa agenda de reindustrialização, porém, existem também boas oportunidades para o Brasil avançar, principalmente na competição pela economia verde no mundo.

Por fim, ele adiantou alguns pontos da nova política industrial em desenvolvimento pelo Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio, que deve ser anunciada no início do próximo mês. Destacou a importância do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social Sustentável (CDESS), que reúne diversos atores da sociedade para atuar de forma consultiva às atividades do governo federal. Ele também falou da ênfase nas missões sociais da nova política industrial, e de outros pontos específicos da proposta, que ainda está em fase de montagem.

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