Stellantis negocia acordo marco global de relações trabalhistas em Pernambuco
Dirigente da Industriall Global Union visitou planta da montadora em Pernambuco, junto a sindicalistas da CNM/CUT e do Sindicato local
Publicado: 26 Setembro, 2023 - 17h27 | Última modificação: 26 Setembro, 2023 - 17h32
Escrito por: Redação CNM/CUT
Dirigentes da CNM/CUT e do Sindicato dos Metalúrgicos de Pernambuco acompanharam nos dias 18 e 19 de setembro a visita do diretor automotivo e aeroespacial da Industriall Global Union, Georg Leutert, à planta da montadora Jeep, em Goiana (PE), empresa que faz parte do grupo Stellantis. A visita ocorreu por conta das negociações para estabelecimento de um acordo marco global de relações trabalhistas entre as empresas que fazem parte do grupo Stellantis em todo o mundo.
“Essa atividade consolida uma política articulada em nível mundial para estabelecer um mínimo de direitos em todas as empresas transnacionais do mundo, que é uma das demandas históricas da classe trabalhadora. E para os trabalhadores em específico da Stellantis, é a possibilidade de se estabelecer um marco de direitos, e principalmente de diálogo social com o sindicato e a empresa para resolver as questões do dia a dia entre capital e trabalho que existem dentro dessa empresa”, afirmou o secretário de Relações Internacionais da CNM/CUT, Maicon Michel Vasconcelos da Silva.
O dirigente explica que o acordo marco global da Stellantis estabelece alguns parâmetros mínimos de direitos sociais e direitos humanos no local de trabalho e além disso também reconhece o direito da classe trabalhadora de se organizar para buscar seus direitos.
Maicon pondera que, apesar das boas intenções do acordo marco, é necessário que os trabalhadores estejam atentos e mobilizados para que esse tipo de iniciativa seja realmente colocado em prática.
“Infelizmente, ainda em nível global, as empresas transnacionais firmam acordos que estabelecem parâmetros, mas muitas vezes elas mesmas não cumprem esses acordos. Então cabe a classe trabalhadora cobrar uma ação da empresa no cumprimento dos acordos, e essa cobrança deve ocorrer no nível organizacional no local de trabalho, pressionando e vendo os verdadeiros problemas da classe trabalhadora no dia a dia. É preciso ter organização no local de trabalho, vigiar os trabalhadores inseridos nas discussões estruturantes da empresa para você efetivamente fazer com que o acordo marco seja respeitado”, diz o sindicalista.
Sindicato precisa estar presente
O secretário de Organização Sindical da CNM/CUT e secretário-geral do Sindicato dos Metalúrgicos de Pernambuco, Abinadabe Santos de Lima, reforça que o acordo marco global da Stellantis só será assinado se a empresa em Pernambuco se comprometer a respeitar a representação sindical no local de trabalho.
“Estamos em diálogo permanente com a empresa, com a Industriall Global Union, com a CNM/CUT e com o Sindicato para avançar nos pontos que ainda impedem o fechamento do acordo, que estão ligados a representação efetiva dos trabalhadores no chão de fábrica, como presença de delegado sindical e comissão de fábrica. Esses dispositivos são essenciais para que o trabalhador tenha diálogo com o sindicato e se sinta representado quando seus direitos forem atingidos, evitando, por exemplo, episódios de assédio, e preservando um ambiente de trabalho sadio”, afirmou Abinadabe.
O diretor de base e representante sindical na Stellantis, Hermes Luz, conta que reuniões para negociação do acordo marco global estão sendo realizadas nos últimos meses. Ele esteve em uma reunião em Amsterdã, na Holanda, debatendo com representantes do do grupo em todo o mundo as dificuldades que ainda existem para fechar o acordo marco global.
“Infelizmente ainda temos muitos problemas com assédio e abuso de trabalhadores no Pólo Automotivo da Stellantis em Goiana, aqui em Pernambuco, e nessa reunião em Amsterdam ficou definido que só quando esses casos forem resolvidos é que acordo seria assinado. O acordo marco global é do interesse da empresa e dos trabalhadores, porém é essencial que os trabalhadores sejam respeitados para que o processo seja positivo para ambas as partes”, enfatiza o dirigente sindical.